Ser professor há muito tempo atrás significava sinônimo de status, já nos dias atuais esse status não existe mais; a semântica mudou e a conotação passou a ser outra. O que sempre se escuta na atualidade é: ainda vale a pena ser professor? Essa interrogativa permeia a boca de muitas pessoas, até mesmo daquelas que não têm cultura, as quais ver o professor como um mísero profissional. A partir de tantos questionamentos sempre vem à tona uma pergunta: qual é a verdadeira função do professor na atualidade?
O professor no final do século XIX até os meados do XX tinha a função de formar o aluno para o mercado de trabalho, devido às necessidades que as indústrias tinham de contratar mãos- de- obra especializadas. Nesse período o mestre era o dono do conhecimento, não se contestava o que ele ensinava, o professor era o detentor do saber. De acordo com os estudiosos daquela época esse profissional da educação deixava de exercer a sua profissão, quando não proporcionava aos alunos as verdadeiras condições de inserção social.
O mestre era respeitado em toda a sociedade, o aluno quando saía da escola estava apto ao mercado de trabalho e era chamado de “indivíduo autêntico”. Todas as honras eram canalizadas ao professor. Os bons profissionais da época respeitavam o mestre, o qual até então era visto pela sociedade como um missionário, um filósofo, uma pessoa especial. Com o passar do tempo, no final do século XX a função do professor tomou um novo direcionamento, ele passou a ser chamado por alguns intelectuais daquele tempo de Profissionais da Educação; porque esses trabalhadores começaram a reinvidicar seus direitos perante à sociedade. Com estas buscas de melhorias muitos movimentos foram criados, vieram os movimentos sindicais organizados, os professores, muitos deles, deixaram à comodidade, conformidade de achar que já sabiam tudo e tornaram-se aprendizes, a fim de dar conta de seu trabalho, mais também os que sabiam um pouco mais em sala de aula, começaram a se questionar quanto à sua prática pedagógica. Os discentes já não eram mais os de antes, porque muitos deles passaram a ser investigadores e curiosos.
Dessa forma inúmeras vezes assitía-se a discursos nos quais alguns professores reclamavam não saber mais o que fazer em sala de aula. O professor Pedro Demo da Universidade de Brasília, UNB, caracteriza bem essa acepção. Ele diz que para dar conta de um mundo que muda cada vez mais rápido, não há nada mais pertinente do que saber pensar. ”O poder não tem medo de quem passa fome e, sim, de quem sabe pensar”. (...) diz o mestre.
No início deste século a função do professor, diante de tantos estudos e pesquisas feitas na área, é facilitar o processo Ensino-Aprendizagem, orientar, instigar, interagir, pesquisar e organizar com os discentes, parcerias nas novas tecnologias, as quais estão a favor da Educação. Vive-se hoje na “Era da Informação”, a sociedade passa por um momento complexo e o professor deve ter muito equilíbrio emocional e saber usar essas informações a fim de poder transformá-las em conhecimento. A educação e o professor são as peças principais na construção do conhecimento nesse novo tempo.
Com a globalização o mundo ficou pequeno, as tecnologias cada dia tornaram-se mais avançadas. Toda essa revolução desvirtua o professor a não parar, já que não há mais uma educação pronta, acabada. Por isso, se faz necessário que o mestre esteja sempre atento às mudanças, tenha em mente os objetivos quanto ao desenvolvimento de sua prática pedagógica, a fim de que ele não se torne o profissional que reproduz conhecimento, repete gestos, porque de acordo com o professor Milton Santos, “filósofo da geografia”, esse tipo de profissional está com os dias contados. Logo, vale a pena sim, ser professor, desde que ele esteja imbricado em se tornar um intelectual, o qual está sempre em busca do processo de crescimento profissional contínuo. Ele necessita agir com humildade de quem nem sempre tem a resposta pronta, que sabe ouvir, calar quando necessário, que sempre usa a lucidez para tomar as decisões corretas. Enfim, que é prudente e nessa prudência ele aprende interagindo com seu aluno no dia-a - dia na sala de aula.
Texto da Professora Neusa Amorim 01/06/2006.