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sábado, 23 de abril de 2011

A professora e a Maleta



(Lygia Bojunga Nunes)
A Professora era gorducha; a maleta também. A Professora era jovem; a maleta era velha, meio estragada e de um lado tinha um desenho de um garoto e uma garota de mãos dadas. Vestido igual, cabelo igual, sorriso igual!
A Professora gostava de ver a classe contente. Mal entrava na classe e já ia contando uma coisa engraçada. Depois abria a maleta e escolhia o pacote do dia. Tinha pacotes pequenininhos, médios, grandes tinha pacote embrulhado em papel de seda, metido em saquinho de plástico, tinha pacote de tudo quanto é cor. Não era à toa que a maleta ficava gorda daquele jeito!
Só pela cor do pacote as crianças já sabiam o que ia acontecer: pacote azul era dia de inventar brincadeiras de juntar menina e menino; não ficava mais valendo aquela história mofada de menino só brincar disso, menina só brinca daquilo, meninos do lado de cá, meninas do lado lá. Pacote cor-de-rosa era dia de aprender a cozinhar. A Professora remexia no pacote, entrava e saia da classe e,de repente pronto! Mostrava um fogão com botijãozinho de gás e tudo. Era um tal de experimentar receita que só vendo. Um dia a diretora da escola entrou na sala, justo na hora que o Alexandre estava ensinando outro garoto a fazer bolinhos de trigo. Uma fumaceira medonha na sala de aula! Todas as crianças em volta do fogão palpitando: falta sal, bota pimenta, bota um pouquinho de salsa. A diretora sabia que estava na hora da aula de matemática. Que matemática era aquela que a Professora estava inventando? Não gostou da invenção, mas saiu sem dizer nada.
Pacote vermelho era de viajar: saia retrato do mundo inteiro lá de dentro do pacote. Espalhavam aquilo tudo pela classe; enfileiravam as carteiras para fingir de avião e de trem. Quando chegavam aos retratos, um ia contando para o outro tudo o que sabia sobre aquele lugar.
Tinha um pacote cor de burro quando foge que a Professora nunca chegou a abrir! Todo dia ela botava o pacote em cima da mesa. Mas na hora de abrir, ficava pensando se abria ou não e acabava guardando o pacote de novo.
Pacote verde era dia de aprender a pregar botão, botar fecho, fazer bainha na calça e na saia. Se o verde era bem forte, era dia de aprender a cortar a unha e cabelo. Verde bem clarinho era dia de consertar e limpar os sapatos. E tinha ainda um verde, que não era forte nem claro: era um amarelo que as crianças adoravam. Era dia da Professora abrir o pacote de história. Cada história ótima!
Tinha um pacote branco, que só servia para a professora esconder e para a turma brincar de achar. Quem achava ia para o quadro negro dar aula. No princípio ninguém procurava direito. Coisa mais chata dar aula! E aula de quê?
_ Conta a tua vida. Mostra o que você sabe fazer.
Com o tempo, a turma deu para procurar direito o pacote. Era muito engraçada a tal aula!
No dia em que o Alexandre achou o pacote, resolveu contar para a turma como é que ele vendia amendoim na praia. No melhor da aula, um grupo de pais de alunos que visitando a escola entrou na sala. Quando a aula acabou um deles perguntou a Professora: − A senhora está querendo ensinar meu filho a ganhar a vida vendendo amendoim? A Professora explicou que Alexandre só estava contando para os colegas como era o trabalho dele, para todos ficarem sabendo como é que ele vivia.
No outro dia saiu fofoca: contaram para o Alexandre que tinha um pessoal que não estava gostando da maleta da Professora.
_ Que pessoal?
Um disse que era a diretora, outro disse que era uma outra professora, outro disse que outro falou, mas ninguém ficou sabendo direito!
Uns dias depois choveu muito! Chuva grossa. Encheu a rua, o tráfego da cidade parou, casa desmoronou. Coisa a beça aconteceu. E quase ninguém foi à Escola. Mas Alexandre foi.
Entrou na classe e viu tudo vazio. Chovia demais para voltar para casa. Resolveu sentar e esperar. Lá pelas tantas a Professora chegou. Mas chegou sem a maleta. E com jeito diferente, uma cara meio inchada, não contou coisa engraçada, não riu nem nada. Sentou e ficou olhando para o chão. Alexandre achou que ela nem tinha visto ele.
_ Oi!
Ela também disse oi! Mas continuou quieta. Depois de algum tempo, Alexandre cansou de tanto ninguém dizer nada e falou:
_ A chuva molhou sua cara?
A professora nem se mexeu. Ele perguntou:
_ Foi a chuva?
Ela fez que sim com a cabeça. Alexandre resolveu esperar mais um pouco. Mas pelo jeito a Professora tinha esquecido de dar aula. Será que era porque ela não tinha trazido a maleta? Arriscou:
_ Cadê a maleta?
A Professora olhou para ele sem saber muito bem o que dizer. Ele insistiu:
_ Heim? Cadê?
_ Perdi
Ele se apavorou:
_ Com tudo que tinha dentro?
_ É
_ Os pacotes todos?
_ É
_ O azul, o verde, o...
_ É... É... É!
Puxa que susto! Ela nunca tinha falado alto assim. Não perguntou mais nada. O coração ficou batendo, batendo, mas ela continuava sempre quieta até que ele não se aguentou e perguntou de novo:
_ E agora? Como é que vai dar aula sem maleta?
_ Não sei.
_ Dá jeito de você comprar os pacotes de novo?
_ Não.
_ Por quê?
Ela não disse nada.
_ Responde... Por quê?
_ Eles vêm junto com a maleta? Não vendem separados?
_ Mas então compra outra maleta. Pronto.
Ela ficou quieta de novo. E o tempo ia passando e ela continuava sempre quieta! A cara dela não secava nunca e não chovia lá dentro. Cada vez molhava mais! Então ele acabou pedindo:
_ Compra, sim?
_ Não dá Alexandre, eles não estão mais fabricando essas maletas hoje em dia.
E aí... ele não perguntou mais nada. Ela também não falou mais. Até que a campainha tocou e a aula acabou.

Dados sobre a autora:
Lygia Bojunga Nunes (Pelotas RS 1932). Autora de literatura infantil e juvenil. Aos 8 anos muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1951, torna-se atriz da Companhia de Teatro Os Artistas Unidos, viajando pelo interior do Brasil. Preocupada com o alto índice de analfabetismo no país, funda uma escola para crianças carentes, a Toca, que dirige por cinco anos. Estréia em 1972, com o livro Os Colegas e, já em 1982, torna-se a primeira autora, fora do eixo Estados Unidos-Europa, a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, uma das mais relevantes premiações concedida para o gênero infantil e juvenil. Funda, em 2002, a Casa Lygia Bojunga, exclusivamente para editar suas publicações. Pelo conjunto de sua obra, em 2004, ganha o Astrid Lindgren Memorial Award, prêmio criado pelo governo da Suécia, jamais antes outorgado a um autor de literatura infantil e juvenil. Sua produção literária caracteriza-se pela transgressão de fronteiras entre a fantasia e a realidade, e aborda questões sociais contemporâneas com lirismo e humor.
Atividade: Organizar um Júri Simulado
Um aluno será o promotor que será contra a metodologia da professora, outro será a favor da metodologia dela e outro ainda o Juiz que dará a sentença. A sala será o público que irá participar

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