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sábado, 20 de dezembro de 2008

Memorial de Neusa Amorim

Eu me chamo Neusa Maria Amorim Ribeiro de Almeida, tenho 45 anos, sou professora há 22. Iniciei minhas atividades no Estado de Pernambuco em 1986, embora já tivesse trabalhado por dois anos na Rede Particular. Amo o que faço e se tivesse que começar faria tudo outra vez. Sinto-me realizada em minha profissão. Sempre busco o melhor para o meu aluno, pois, sem ele não há aprendizagem e muito menos ensino.
Eu sou filha de uma professora primária, a qual trabalhou em uma época em que tudo era muito difícil. Imagine tudo isto acrescentado a um lugar no qual o tempo parou. Tenho três irmãos e um (in memorian). Sou a caçula da casa. Sempre fui muito manhosa e na escola não podia ser diferente. Era conhecida como “a menina chorona”! Esta fase da minha vida eu sempre tento esquecer, porque não me traz boas lembranças.
Todos os dias meu irmão mais velho, o Milton,me levava à escola. Eu sempre chorava e quando não o via começava meu drama. E todos os dias ele terminava ficando comigo na sala. Neste período eu não aprendi nada. Passado um ano minha mãe percebeu que eu tinha adquirido poucos conhecimentos, ou quem sabe até nenhum. Ela então resolveu trocar de escola. E assim aconteceu. Fui estudar nas Escolas Reunidas São José. Na época era uma escola de freiras, mantida pelo estado.
Chegando lá me deparei com uma professora muito rígida. A Dona Gerusa. Ela reclamava de tudo. Ninguém podia nem se virar, nem falar nada. Era um silêncio total. E como diz o grande educador Rubem Alves “sepulcral”. Eu que sempre fui muito falante, tive problemas sérios com ela. Não conseguia assimilar o que a mesma dizia. Travava meu cérebro e eu sofria calada. Não podia questionar. Logo eu, que questionava tudo e sempre obtinha as respostas... Era o centro das atenções em casa e na escola mais parecia um bichinho acuado.
Esse período na escola foi conflituoso. Na verdade, foi massacrante mesmo. Não aprendi muita coisa. O que lembro é da minha mãe me ensinando a ler. Posso afirmar que foi ela quem me alfabetizou. Porque, na escola, além dos problemas com a Professora eu tive muitos problemas também de relacionamento. As minhas colegas tinham certa condição financeira enquanto eu era a matuta que havia chegado do interior e filha de um feirante sem estudos. Por todos esses motivos o local que eu sempre apreciava era a biblioteca. Meu contato com a mesma vem desde este tempo. Era lá que eu resolvia meus problemas emocionais de solidão, ansiedade, rejeição e muita tristeza, por não aceitar estas discriminações sociais.
Por causa dessas questões sociais eu me envolvi com alguns percalços, em especial com a Professora má, a Dona Gerusa. Um desses fatos foi por causa de um lápis. Hoje tenho mania de comprar canetas, tenho diversas. Isto é um trauma dessa época. Lembro nitidamente que em um dia de prova, eu estava sem lápis e na sala pedi um emprestado e a Dona Gerusa gritou que ninguém me emprestasse. E falou que eu não tinha levado porque era muito irresponsável. Chorei demais, eu não tinha nenhum lápis. E naquele dia meus pais também não tinham um centavo para comprar. Perdi a prova e fui para recuperação. Foi um grande choque. Eu comecei a ter pavor da escola. Eu não queria voltar para lá. Agora em casa eu me fazia com os poucos livros que tínhamos. Eu sempre fui apaixonada por leitura. Ela foi e é importante para mim. Costumo dizer que ela era meu alimento, porque era péssima para me alimentar. Sempre doente e faltando as aulas. O livro era meu amigo diário.
Meu contato com os livros é bastante antigo. Sempre gostei de ler e lia de tudo. Do gibi até as bulas de remédio; como meu pai é analfabeto era eu quem decifrava para ele o que tinha naquele texto enorme. Eu li Monteiro Lobato, As histórias de Gulliver, Viagem ao Centro da Terra, Poliana menina e moça, os contos de fada, entre outros... Eu nessa época tinha dois irmãos morando em Recife e nas férias eles sempre me traziam livros para ler. O meu gosto pela leitura só aumentava. Muitas vezes preferia ganhar um livro a um brinquedo. Sempre tratei muito bem meus livros até hoje sou assim. Não gosto de emprestar a todo mundo, principalmente quem não zela por ele. Os livros me levavam e levam a mundos nunca imaginados... Eu viajava naquelas histórias tão significativas.... Quando abro um livro para ler é um mundo rico e maravilhoso. Ele é meu companheiro, com ele eu resolvo o problema de ansiedade e de solidão.
O meu primário foi muito cheio de adversidades. Eu fui uma aluna além de seu tempo; porque não me conformava em aceitar tudo sem questionar, sem formular hipóteses, sem ter o direito de proferir o que pensava e o que discordava também. Do meu tempo de pré-adolescência da 1ª a 4ª séries, lembro poucas coisas e de poucas pessoas também. Já fiz terapia para ver se conseguia resolver este problema de vazio e até hoje confesso não consegui. Desde os 13 anos convivi com graves problemas de saúde, entre eles: a depressão, a síndrome do pânico, a ansiedade e insônia que em alguns momentos de minha vida eram quase crônicos. Por estes motivos para mim, o livro sempre foi meu alimento, minha vida, era com ele que passava horas nas minhas viagens e por isso que a minha relação com o mesmo é a melhor possível. Costumo dizer que nunca tive problemas em ler. Fui estimulada a boas leituras nesse período através de um irmão, O Gonzaga que na época era também professor do estado.
Ele comprava bons livros e bons discos para mim, em especial os da MPB. Nesse período ouvia Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Gonzaguinha, Tim Maia, Maria Bethânia e Simone. Houve um tempo que lia bastante as revistas Placar, porque meu irmão Flávio era fã de futebol e comprava muito. A partir dele adquiri o hábito por ler também esse tipo de leitura tão diferente. Passado esse tempo passei a ler as revistas Sabrina, as quais tinham contos de amores impossíveis, os quais se tornavam possíveis. Com essas leituras eu continuava nas minhas viagens ao imaginário como também dos sonhos. Sempre fui muito romântica e eu me identificava com elas. No final tudo acabava bem, o mocinho com a mocinha...
Sempre lendo de tudo um pouco consegui chegar ao ginásio, era assim que chamava-se as séries da 5ª a 8ª. Lembro que na 5ª tive um ótimo professor de português, o Ivanildo Félix (in memorian). Ele deixava que em suas aulas os alunos pudessem se colocar e proferir opiniões, discordar e interagir com os outros da sala. Uma vez ele organizou um momento que declamamos o Hino Nacional. Esse trabalho foi em grupo e surtiu bastante efeito. Desde este dia nós aprendemos toda a letra e quando precisava cantar não ficava gaguejando como muitos colegas. Naquela época sempre havia momentos para se cantar o Hino. Outra professora que marcou também a minha vida estudantil foi a Professora Roza Lapa. Ela ensinava português e suas aulas eram maravilhosas. Líamos bastante íamos à biblioteca, ouvíamos as letras das músicas da MPB e trabalhávamos a gramática com essas letras. O interessante é que poucos dias atrás eu tive a oportunidade de agradecê-la em um seminário que a escola em que trabalho organizou, a fim de valorizar o professor. Foi um momento impar em nossas vidas...
Continuando as adversidades no período escolar, no Segundo Grau não foi diferente. Só lembro-me de uma professora, a qual me instigou o prazer pela escrita. Gilzete Dantas, ela nos mandava escrever de tudo, ela nos forçava a relatar o que vivíamos no cotidiano. Alguns textos ela nos pedia para ler e outros ela corrigia. A partir daí eu comecei a escrever Poemas, poesias, narrativas e redações (como era chamado um texto dissertativo).

Com muito esforço e luta consegui ser aprovada no Curso de Letras, por uma Universidade Estadual, a UPE. Lá tive mais um grande problema com um professor. Desta vez não foi uma boa experiência. Ele ensinava Português. Um certo dia chegando atrasada e pedindo para entrar, ele gritou para toda turma: “Tá vendo uma como esta, Jamais chegará a lugar algum.” Ele me julgou sem nem ao menos me conhecer. Eu disse para ele: “O senhor não me conhece para me julgar deste jeito”.

Como diz a madalena Freire que nós aprendemos por dois caminhos o do amor ou do ódio. O segundo foi o escolhido por mim nesta disciplina com esse professor. Este período foi o pior de minha vida, porque tive diversas crises depressivas e de pânico. Fiz terapia muitas vezes e essas crises atrapalhavam meu desempenho científico. Só que na matéria de português eu me esforçava bastante e sempre passava por média. Nunca fui uma excelente aluna; considerava-me mediana. O lugar preferido por mim nessa época era a biblioteca. Lá absorta nos livros eu esquecia de tudo e viajava para um mundo maravilhoso, mundo esse que me dava vida, alegria e paz.

17 anos depois de formada e já trabalhando em duas redes, a estadual e a particular, voltei à faculdade, a fim de fazer uma Pós-Graduação na área de Língua Portuguesa. E por ironia do destino reencontrei meu antigo professor que me julgou sem me conhecer. E tive a oportunidade de conversar com ele em off acerca desse assunto que tanto me fez sofrer. O Professor reconheceu o erro dele e me falou que tinha dado o pulo do gato na vida profissional, que havia caminhado e que alguns colegas ficaram para trás. Eu disse a ele: venci graças a Deus e a minha família, que sempre foi de muita fé e coragem.

Finalizo este memorial dizendo que para mim a escola apesar dos percalços que passei nela foi boa; no entanto, o que foi primordial em minha vida foram os livros. Eles fizeram a diferença e certamente aumentaram minha decisão de ser professora e fazer o diferencial em sala. Como sofri bastante com a discriminação em sala, fiz desse problema um lema para minha profissão: Observar as diferenças e tratar a todos com respeito e muito amor. Devemos saber que as pessoas são diferentes e como dizem os estudiosos possuem tempos de aprendizagem diferenciados. O aluno precisa ser tratado muito bem, a fim de produza bons frutos no futuro...

Texto de Neusa Amorim

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